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Until that day arrives, there´s work to be done!
Confesso que nunca acompanhei a série Game of Thrones, mas conheço perfeitamente o fenómeno. Uma das coisas que habitualmente vejo no feed de notícias do Facebook é a indignação das pessoas por alguns acontecimentos na série, o que leva os fãs ao desespero por darem de caras com spoilers.
Com o Social Media e a natureza instantânea da internet, os spoilers são hoje um fenómeno cultural que traz bastantes dissabores.
A semana passada comprei pela primeira vez a revista Entrepreneur, mais propriamente a sua edição de junho. Um dos temas explorados pela revista foi exatamente a questão dos spoilers nas séries de TV e um hipotética solução resultante de uma app criada por Matthew Loew e Josh Solt, chamada Spoiler Shield.
A Spoiler Shield bloqueia spoilers online de mais de 50 séries de TV, incluindo Game of Thrones, Mad Men, 24, House of Cards, The Walking Dead, assim como spoilers da NBA, NFL e MBL. Recentemente, esteve também presente nos Jogos Olímpicos de Sochi, como reporta o artigo do NY Times.
Segundo os fundadores referem no artigo do Entrepreneur, estão também a tentar bloquear spoilers do Campeonato do Mundo de Futebol, mas não encontrei mais detalhes sobre o assunto.
A aplicação está disponível gratuitamente para IOS, Android e Chrome Extension.
Para mais detalhes, podem ver o vídeo:
Com sei que os fãs de Game of Thrones têm sofrido alguns dissabores, não só pelos spoilers, como pelo lado maquiavélico de George R.R. Martin, aqui fica uma infografia em jeito de miminho, que refere, entre outras coisas, que em cada episódio são gerados online mais de 170.000 spoilers (mercado US apenas) sobre a série.
Mais uma razão para darem uma oportunidade à app Spoiler Shield...
O Business Insider realizou esta semana um curioso artigo que me fez lembrar uma história que um professor meu contou há uns anos, que creio ser oportuna de partilhar. Mas já lá iremos.
Quer o artigo, quer a história, incidem nas diferenças culturais entre povos, diferenças essas que contribuem para criar algumas situações caricatas, quer a nível profissional, quer pessoal.
O artigo, que pode ser lido aqui, explora a forma como as diferenças culturais influenciam os negócios e fornece alguns exemplos muito curiosos sobre a cultura japonesa que merecem uma leitura atenta. Um dos detalhes explorado é que, ao visitar o Japão em negócios, se nos sentarmos à mesa com os nossos parceiros nipónicos e não estivermos confortáveis com a utilização dos pauzinhos, mais vale esperar que a nossa companhia peça um garfo por nós. Segundo o artigo, a comunicação no Japão é muitas vezes indireta. Gestos e ações não verbais são usados para “dizer” aquilo que precisa de ser entendido pelo recetor. Dessa forma, expõe o artigo, quando os empresários japoneses estão com alguém e observam o seu desconforto, intercedem e acabam por perguntar se preferem comer com um garfo, pedindo-o de seguida ao empregado. De acordo com o artigo, sermos nós a pedir um garfo de imediato, significa que não temos interesse em aprender e assimilar os detalhes da cultura japonesa. Se não tentamos sequer aprender algo relativamente simples como usar os famosos chopsticks, como é que iremos lidar com situações de negócios entre duas culturas tão diferentes? É um pensamento rebuscado, mas que faz sentido.
Depois de ler este artigo, recordei-me então de uma história contada por um professor meu, há cerca de 10 anos.
O meu professor (chamemos-lhe “o português” daqui em diante) teve uma namorada sueca e como seria de esperar, passado algum tempo, decidiu finalmente ir conhecer os seus pais à Suécia. Quando o português e sua svenska chegaram ao destino, tocaram à campaínha da casa da família e eis a surpresa quando o pai, a mãe e a irmã, os receberam totalmente nus. Claro que para o português esta situação foi altamente caricata, pois foge totalmente dos cânones tradicionais da nossa cultura, mais reservada...mas o pior estava ainda para vir. Após os (estranhos) cumprimentos iniciais, o português foi pousar as malas no quarto ao cimo das escadas, para depois descer para irem todos almoçar em casa. Aqui residiu o grande dilema: “Vou meter-me todo nu para estar de acordo com a cultura deles, ou vou ser fiel à minha cultura e descer as escadas vestido?”.
(Se fizermos uma analogia, o português estava de certa forma a pensar se era melhor pedir o garfo, ou usar os pauzinhos...)
Mas como o coração luso estava a borbulhar de paixão, o português encheu-se de coragem e desceu então as escadas como tinha vindo ao mundo, como que ao passar a mensagem de “estamos juntos nessa coisa da nudez”. Ao fim ao cabo, qualquer pessoa gostaria de deixar uma boa primeira impressão na família da namorada. Orgulhoso da sua decisão, ao chegar ao andar de baixo, deu com a família sentada à mesa…mas devidamente vestida. Imaginem o português, a olhar para a mesa, todo nu, enquanto a família da namorada olhava para ele com estranheza. Conseguem imaginar? Segundo o que o meu professor explicou depois, a família, apesar de lidar com a nudez de uma forma natural, vestia-se sempre às horas das refeições. Um detalhe importante...
Estas duas histórias tão díspares têm um denominador comum - são a materialização de que, apesar de vivermos numa Aldeia Global, os seus cidadãos têm características locais que influenciam a sua comunicação e que importa compreender e valorizar.
A moral da(s) história(s):
Quer seja no campo profissional ou pessoal, mesmo que se transtorne alguém, talvez mais valha pedir um garfo, que ir para a mesa todo nu...
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